ENQUADRAMENTO TEÓRICO

IDENTIDADE CORPORATIVA E IMAGEM CORPORATIVA 
O significado do termo corporativo é simples, é aquilo que diz respeito a uma corporação podendo, por extensão, aplicar-se a uma empresa ou, instituição. A identidade de uma empresa é como a identidade de uma pessoa, ou seja o conjunto de características e atributos que definem a sua essência, ou a sua actividade; e que podem ser visíveis ou não ao público em geral.

Consequentemente a imagem de uma empresa, é fruto da sua identidade, e por isso não pode ser definido apenas pela sua imagem visual. Segundo o autor Justo Villafañe, no seu livro a “Imagem Positiva”, a identidade corporativa assenta em três pilares: comportamento, cultura e personalidade corporativa; e os três ajudam a construir a imagem corporativa.

Por sua vez, a imagem corporativa, é na realidade, um conceito construído na mente do público, a partir de um conjunto de estímulos, reais ou não, que ele vai processar e através dos quais, vai criar a sua percepção sobre essa empresa, instituição, etc. Vai fomentar essa imagem factores como: a essência da empresa, o espaço onde funciona, como se relaciona com os empregados, com a comunidade, o seu trabalho social, as boas e as más noticias nos meios, etc.

Posto isto, é absolutamente essencial, que antes de esboçar qualquer traço, o designer, conheça a fundo, a empresa, ou instituição para qual vai projectar uma imagem corporativa visual. O simples desfasamento, semântico, ou até estético, entre a identidade de uma empresa e a sua imagem visual deita por terra qualquer hipótese de sucesso da proposta do designer.


COMO SURGIU O LOGÓTIPO 
A marca, é quase tão antiga quanto a humanidade, o gado era marcado com um ferro quente, para se saber a quem pertencia. Na Grécia antiga, os oleiros imprimiam no barro, ainda fresco, marcas feitas com cunhos em madeira, que identificavam o fabricante.

Com o desenvolvimento industrial e comercial do inicio do século passado, levou a que o reconhecimento, da origem dos objectos, se tornasse uma regra. Hoje pode dizer-se que não há objecto que não tenha, em si, na embalagem, no contentor, na etiqueta, etc, uma marca.

Se até então a marca era aplicada, ou gravada, no produto, com a imprensa tipográfica de Gutenberg, ela passa a generalizar-se e para além de identificar o produto, ela passa a existir autonomamente, anunciando-o e divulgando-o.

Foi com Gutenberg que surgiu o logótipo, como explicam, os autores Juan Costa e Daniel Raposo, no seu livro “A rebelião dos signos: a alma da letra”, uma invenção do século XV. Quando Gutenberg “quis conservar o traço continuo da escrita manual, em conformidade com o espírito humanista da época, (...) utilizou as ligaduras de escrita manual, a caligrafia e as abreviaturas, cunhando conjuntos de dois ou três tipos ou signos – letras «ligadas» – que formavam um único corpo de impressão.”


SÍMBOLO + LOGÓTIPO = MARCA
Aplicar a designação de "marca" a uma empresa ou instituição não é consensual. Os autores, Carlos de Sousa Rocha, e Mário Marcelo Nogueira, no seu livro “Design Gráfico”, afirmam que “marca” se aplica apenas a produtos ou serviços estritamente comerciais, e que as empresas ou instituições deveriam adoptar a designação de símbolo. Também o autor Justo Villafañe, prefere diferenciar, uma marca comercial, do logo-símbolo de uma empresa.

Juan Costa, no seu livro “La Imagem Corporativa” relembra, quão escassa é a bibliografia, e consequentemente a pesquisa, nesta matéria, e por isso a falta de uma nomenclatura devidamente justificada e normalizada. Como o objectivo final de uma licenciatura, é preparar os alunos para o mercado de trabalho, vamos utilizar as denominações mais comuns, na prática do design de comunicação, ou seja o símbolo é o elemento gráfico, o logótipo o nome da empresa, em desenho tipográfico, e por fim a junção dos dois é a marca.


CONSTRUÇÃO DE UMA MARCA 

Numa conferencia dada por Juan Costa em Lisboa, na Faculdade Arquitectura, explicou que um logótipo deve observar vários princípios, funções, regras, orientações, etc., e que conseguir um equilíbrio entre as várias partes era como trabalhar com uma mesa de mistura. Ou seja, projectar uma marca, é na realidade um exercício, idêntico ao de um músico de ouvido e sensibilidade apurada: compensando, acentuado, eliminando, etc.

Para o autor Justo Villafañe, a construção de uma marca deve observar 4 princípios fundamentais: 
  • o simbólico, é a capacidade que a marca tem de simbolizar, ou representar a empresa. Existem 6 tipos de associações: a analógica, a alegórica, a lógica, a emblemática, a simbólica e a convencional. (ver em baixo) 
  • o estrutural, tem a ver com a sua representação gráfica. Sabemos que a teoria da imagem, nos diz que quanto mais, simples e clara, for a forma (imagem), melhor, pois mais facilmente será aprendida e consequentemente recordada; e isso é essencial para uma marca. 
  • o sinérgico, este principio tem a ver como a aplicação da marca nas várias ferramentas de comunicação, por exemplo, estacionário, viaturas, fachada, etc. A sinergia, deve existir entre símbolo e logótipo, e entre todo as peças, criando nesse todo, uma mais valia para a comunicação. 
  • e o da universalidade
    • universalidade temporal, ou seja a marca deve ser projectada, para resistir ao passar do tempo, pelos menos, alguns anos,
    • universalidade espacial, deve adaptar-se ao vários suportes,
    • universalidade cultural, ou seja que não tenha códigos culturais difíceis de descodificar pelo público –alvo. 
E, 4 funções:
  • Identificação, claramente se não identifica a empresa, ou pelo menos não de uma forma clara, não funciona.
  • Diferenciação, é a capacidade que a marca tem de se diferenciar das outras, e essa é uma qualidade muito importante num mercado cada vez mais saturado. Pense-se nas marcas: da GALP, BP, SHELL, REPSOL, etc. 
  • Memória, é a capacidade que uma marca tem de ser facilmente memorizada, e assim recordada. Para se conseguir uma fácil memorização deve atender-se a algumas noções: 
    • simplicidade estrutural, já visto nos principio fundamentais, 
    • originalidade,
    • redundância, a repetição ajuda à memorização,
    • carácter simbólico produz, nem que seja levemente, o envolvimento psicológico por parte do observador,
    • pregnância, capacidade de produzir uma forte impressão,
    • harmonia entre as várias componentes, símbolo, logótipo, fonte, cor, mas também compatibilidade e equilíbrio. 









  • Associativa, entre a empresa e a sua marca, essa analogia pode ser construída de através de 6 tipos diferentes de analogias:
    • Analógica, quando a marca possui uma semelhança intrínseca com o produto. Ex.: Michelin 
    • Alegórica, quando utiliza elementos identificáveis da realidade, combinados de uma forma nova e original. Ex: o globo da wikipedia 

    • Lógica, mediante a correspondência entre a imagem e a sua referencia. Ex. chama da Vulcano, esquentadores.
    • Emblemática, associar a marca a valores emblemáticos. Ex. Coroa de louros da Fred Perrys 
    • Simbolicamente, utilizando um símbolo forte e de fácil reconhecimento comum. Ex. o coração no logo I LOVE NY, de Milton Gleiser 
    • Convencional, quando a associação é arbitrária.

No entanto nem sempre o símbolo de uma marca é uma analogia. Noutros o símbolo é um pictograma ou uma representação gráfica da empresa ou da sua actividade. A metodologia de construção de uma marca, que engloba os 4 princípios fundamentais e as 4 funções, será trabalhada, na aula através de exercícios práticos.


A ESPECIFICIDADE DA COMUNICAÇÃO NOS MUSEUS 
Um museu é, na definição do International Council of Museums (ICOM, 2001), "uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade".Wikipedia (acedido em 20 de Fevereiro de 2012).

Um museu, proporciona um serviço, mas também uma “experiencia” e um convite à reflexão. Permite observar uma determinada cultura, saber mais sobre determinada matéria, como sentiu um pintor, ver de perto o tamanho dos dinossauros, como era um laboratório de química no século XIX, etc. No final do seu percurso, o visitante tem sempre, um sentimento de mais valia, de enriquecimento, e com novas perguntas que o levam à reflexão.

A especificidade dos museus recai sobretudo por serem um reflexo, das expressões, da cultura, de um pais. O conjunto dos vários museus, reflecte o património material e imaterial, como explica a autora Margo Rouard-Snowman, no seu livro “Museum Graphics”. Assim a imagem corporativa de um museu deve e não só espelhar a sua identidade, ser coerente com a sua imagem, mas também ser coerente com a cultura nacional, nas mais variadas formas.

SUSTENTABILIDADE 
A sustentabilidade aplicada ao design de comunicação é ainda uma área de investigação recente e em constate evolução. O termo “sustentabilidade” tornou-se mais frequente com a definição de Desenvolvimento Sustentável ou seja, “ter em conta os factores sociais, os ambientais, bem como os económicos, dos recursos, vivos e não vivos, assim como levar em consideração, a longo e curto prazo, as vantagens e as desvantagens de acções alternativas.” (WCED 1983 citado em O’Riordan 2000).

A “sustentabilidade” aplicada ao design de comunicação toca quatro grandes áreas: ambiente, pessoas, cultura e economia. Para salvaguardar o ambiente, sugere-se que os designers consigam fazer mais usando menos, entenda-se recursos (matéria-prima, água, electricidade, gerando menos resíduos, etc.). Na categoria de “pessoas” sugere-se que o designer tenha em atenção, tanto na sua pratica profissional como na realização do seu trabalho, a capacidade de promover a inclusividade, a igualdade, e a justiça. Por economia, sugere-se, transparência, oportunidade e justa remuneração em todos os patamares da cadeia de “valor”. E por fim, por cultura, (mais uma vez) sugere-se, o respeito pela identidade cultural de cada contexto, e pela capacidade de responder às correctas expectativas do interlocutor.

A “sustentabilidade” é ainda uma abordagem multifacetada, por isso cabe a cada designer conciliar as várias perspectivas na sua pratica profissional. Para a realização do projecto, da cadeira de Design Gráfico II, 2011/2012, é pedido aos alunos, que o seu projecto toque transversalmente os “Princípios de Hannover”. Oito linhas de trabalho tidas como inspiradores propõem, aos designers, uma reflexão e conciliação, sobretudos em três, das quatro, grandes áreas da sustentabilidade: ambiente, pessoas e economia.

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Este widget, é uma “ferramenta”, muito simples e serve aqui, de introdução ao design gráfico sustentável, fornecendo informações sobre papel e as técnicas mais sustentáveis. É, grátis, e encontra-se disponível para download no site da Apple.